Definições de tarefas e responsabilidades entre cliente e contratado orientam desenvolvimento do projeto e execução de obras.
Para começar a elaborar um projeto, arquiteto ou engenheiro precisam conhecer o seu escopo de trabalho. No dicionário, escopo é finalidade, ou propósito final de um projeto. Definir o escopo do projeto significa, em linhas gerais, indicar tudo o que precisa ser feito para que um resultado desejado seja alcançado – e indicar também tudo que não precisa ou não deverá ser feito pelo profissional contratado.
Assim, o conteúdo do escopo depende do tipo de projeto a elaborar. “No caso de uma residência, o escopo do projeto de arquitetura envolve questões como necessidades e desejos dos futuros habitantes, que vão desde o número de dormitórios aos tipos de acabamentos utilizados em pisos e paredes”, explica Jonas Silvestre Medeiros, diretor técnico da Inovatec Consultores. Este documento definirá também se o arquiteto gerencia a obra, quantas vezes por semana vai ter que visitar o canteiro, se fica responsável pela subcontratação dos projetos de elétrica, hidráulica e estruturas (ou se é o cliente quem corre atrás desses engenheiros), entre outros.
Apesar de ser o cliente quem pauta o escopo do projeto, ele não tem conhecimento técnico suficiente para, no exemplo de Medeiros, “orientar adequadamente as dependências, protegê-las do calor ou provê-las de ventilação adequada”. Portanto, a necessidade de conhecer normas técnicas torna a definição do escopo tarefa típica do profissional contratado – o engenheiro, ou o arquiteto. “Eles podem até trabalhar em conjunto; são responsáveis por definir o escopo ou o programa de necessidades que dará origem ao anteprojeto”, salienta.
Benefícios do escopo
O anteprojeto é um documento que antecede a elaboração do projeto executivo. A partir dele é que as demandas do cliente são enquadradas nas exigências legais e nos parâmetros executivos que vão pautar o desenvolvimento da obra. Assim, o investimento nas fases de elaboração do escopo e do anteprojeto traduz-se em ganho de produtividade no projeto executivo. “Quanto mais detalhado o escopo, maiores serão as chances de acertar durante a execução”, diz Medeiros.
A redução dos retrabalhos indica que um projeto cuidadosamente bem feito se paga facilmente durante a construção, pois seu investimento é muito baixo quando comparado à redução de custos, perdas e desperdícios que ele pode trazer depois.
Mas o cliente sempre pode vir a propor mudanças no escopo inicial. E para a proteção de todas as partes envolvidas, o diretor da Inovatec recomenda pré-definir um número e o volume de alterações cabíveis, prevendo, inclusive, um valor a pagar por essas eventuais alterações – que terão de ser estudadas e repropostas pelo projetista contratado.
Manuais para escopo do projeto
Sob coordenação geral do sindicato da habitação (Secovi-SP), diversas entidades têm desenvolvido manuais de escopo que orientam as relações entre clientes e profissionais de engenharia e arquitetura. É uma força a mais, a dar segurança na hora de assinar o contrato de prestação de serviços. Atualmente, doze entidades já desenvolveram manuais referentes às seguintes especialidades: acústica; ar condicionado e ventilação; arquitetura e urbanismo; automação e segurança; coordenação de projetos; estrutura; impermeabilização; infraestrutura esportiva; instalações elétricas; instalações hidráulicas; luminotécnica e paisagismo.
Fonte: http://www.mapadaobra.com.br